Toda
vez que fiz uma lista deste tipo (em 2010, 2012 e 2013), foi por que
estava realmente comprando um carro. Desta vez, não sei se vou.
Vontade com certeza tenho, mas não a certeza de que é a hora certa
de fazê-lo, como foi nas outras listas. Certamente estou
investigando o assunto com carinho, como vocês verão mais adiante.
Mas penso que, vendo o sucesso inesperado que as outras listas
tiveram, talvez seja a hora de torná-la um evento anual, e janeiro me
parece um mês ótimo para isso.
Ou
talvez seja realmente dinheiro, como dizem os americanos, queimando
um furo no meu bolso. E uma vontade danada de mudar algo, de
experimentar algo novo. O Cruze vermelho já está com quase dois
anos e 26 mil km, e sinceramente ando com vontade de trocá-lo. Não
que esteja insatisfeito, pelo contrário, mas sim pelo simples fato
de que posso fazê-lo. Muitas vezes nós, obcecados que somos por
essa máquina maravilhosa, pensamos demais sobre compra, inventamos
teorias e motivos, e agonizamos na escolha. Mas na verdade, o bom
mesmo não é listar motivos para trocar de carro, e sim, se
perguntar: por que não?
Carros
são coisas extremamente caras para gente como eu, parte da classe
média assalariada brasileira. São, depois da casa, a coisa mais
cara que temos. Não deveria gastar tanto dinheiro só porque posso.
Mas só se vive uma vez aqui neste plano então... Quando compro em
carro penso em dinheiro, lógico, faço as contas, vejo seguro etc,
mas é preocupação secundária. O principal é quanto eu quero o
novo carro, e se posso pagá-lo. Nada mais.
Dito isso, o que estou querendo desta vez? A primeira coisa é que tem que ser zero-km, novinho, comprado em concessionária. Decidi ano passado a dar uma melhoradinha na suspensão, freios e motor da minha perua BMW 328i de 1996, e o que começou pequeno está crescendo, e tomando um bocado de tempo (e dinheiro, lógico). Fora que algumas coisas quebraram (ela tem quase 20 anos afinal das contas) e tive que consertar, coisas simples como relês de ventilador secundário do radiador, alto-falantes quebrados, guarnições de borracha e outras bobagens. Vamos dizer assim: a perua me mantém ocupado o suficiente, seja em manutenção, seja em modificações. Não quero ou preciso de outro carro que me dê mais coisas para fazer.
Dito isso, o que estou querendo desta vez? A primeira coisa é que tem que ser zero-km, novinho, comprado em concessionária. Decidi ano passado a dar uma melhoradinha na suspensão, freios e motor da minha perua BMW 328i de 1996, e o que começou pequeno está crescendo, e tomando um bocado de tempo (e dinheiro, lógico). Fora que algumas coisas quebraram (ela tem quase 20 anos afinal das contas) e tive que consertar, coisas simples como relês de ventilador secundário do radiador, alto-falantes quebrados, guarnições de borracha e outras bobagens. Vamos dizer assim: a perua me mantém ocupado o suficiente, seja em manutenção, seja em modificações. Não quero ou preciso de outro carro que me dê mais coisas para fazer.
Quero
trocar o Cruze também, por isso, obviamente, ele não está na
lista. Mesmo porque, se trocar ele será para algo bem mais potente,
ou pelo menos com mais torque, no mínimo. Se a Chevrolet
disponibilizasse a versão turbo americana aqui, com certeza seria
uma opção, mas não vou trocar um carro novo por outro igual e
ainda pagar por isso. O que queria mesmo era um Cruze não com o 1,4
litro turbo americano, e sim o 1.8 nosso com turbocompressor, dando pelo menos
200 cv. Idealmente 240, já que sonhar ainda é de graça, e não paga
imposto. Por menos de 100 mil reais, seria uma opção sensacional.
O
que nos leva ao limite de preço da lista, 100 mil reais. Nunca
pensei que um dia poderia falar isso, mas eu posso pagar 100 mil
reais num carro, se trocá-lo pelo Cruze, hoje. Prefiro gastar bem
menos que isso, mas o fato é que posso, se assim quiser. Pode-se
olhar também essa lista como uma lista entusiástica de carros
abaixo de 100 mil reais.
Uma
outra opção, também, seria ficar com o Cruze e comprar um terceiro
carro. Isso deixaria minha perua apenas para a diversão, e evitaria
deixá-la todo dia no estacionamento descoberto do escritório, ao sol
forte e destruidor do interior paulista. A lista final, então, tem
cinco carros para trocar no Cruze e mais cinco para comprar sem
precisar vendê-lo. Confuso, sim, mas o mundo real funciona assim
mesmo...
Vocês
vão notar que os carros mais caros da lista são todos
turbo, fruto do meu desejo atual de maior potência, e da
tendência atual de redução de cilindrada para uma mesma potência
por meio de superalimentação. E que não tem nenhum SUV, e nem
carros cuja aparência e design subjugam função. Nenhum mini,
nenhum DS3, nenhum Fusca. Em ambos os casos, simplesmente reflexo do
gosto pessoal deste editor. Sem nenhum preconceito, por favor,
entendo o apelo que tem para alguns, mas não são para mim.
Vamos
à ela então. Colocando eles em ordem crescente de preço, os cinco
primeiros ficam sendo potenciais terceiros carros, e os cinco últimos
os turbo que podem substituir meu carro atual:
- Renault Clio
O
Clio já esteve na minha lista em 2012 e 2013, então é tema
recorrente. O mais barato aqui, é uma ótima opção de diversão e
utilidade a baixo custo. Ponto alto é a suspensão e o delicioso
motorzinho Renault de um litro. Pequeno, mas com grande e valente
coração, faz do leve mas rígido Clio um carro extremamente
desejável.
- Fiat Grazie Mille
Os
que não gostam do carrinho fica a boa notícia: nunca mais vai
aparecer em minhas listas de carro zero-km. Não preciso deixar mais
odes a esta pequena maravilha italiana, o último Fiat com algum DNA
do grande Dante Giacosa, já fiz isso repetidas vezes (veja aqui). Mas vale falar um pouco da sua última e derradeira versão.
Sim, 30 mil reais por um Mille é muito dinheiro. Mas fiquei extremamente feliz em notar que esta versão Grazie de despedida não é mais cara que um carro normal equipado da mesma forma. Os fabricantes são mestres em querer fazer um troco fácil nessas versões de despedida, algo que sempre me incomodou. No caso da Fiat, acabou sendo uma justa homenagem ao mais barato carro nacional, e algo que merece parabéns. Os 30 e poucos mil trazem ar-condicionado e quatro portas, itens altamente desejáveis para meu terceiro carro e a idéia de ter um dos últimos Mille fabricados me faz querer visitar uma concessionária já.
O
Mille esteve em toda lista que fiz. Essa é a minha última
oportunidade de tirá-lo do papel e colocá-lo na garagem.
- VW up!
Se
há um potencial substituto para o Mille em 2014, não é aquela
coisa esquisita que a Fiat chama de Uno agora, mas sim este novo VW.
Se não em preço talvez, com certeza em espírito.
O
carro deve começar a ser vendido no mês que vem, e nem todos os detalhes
são conhecidos, mas o que já sei já o coloca na lista fácil.
Parece que vai ser o novo padrão básico de carro pequeno, um avanço
tão grande quanto foi o Uno original em julho de 1984.
Equipado
com o novo três-cilindros moderno da VW, promete espaço interno
incrível, economia de combustível ímpar e desempenho brilhante,
inéditos na categoria de entrada. E com o acabamento moderno dos VW,
excelente. Eu com certeza espero ansiosamente vê-lo de perto e
experimentá-lo. E ver quanto vai custar de verdade...
- VW Gol Rallye
O
VW Gol é em todas as suas versões, mesmo a mais barata 1.0, uma
delícia de dirigir. Mas o que queria mesmo era a versão Rallye
1,6-litro. Com a suspensão mais alta, modificada da maneira correta,
mas com estabilidade e conforto inalterados, o carrinho faria um
incrível estrago no meu caminho diário para o trabalho, cheio de
quebra-molas e buracos. Só poder passar por eles quase sem frear
seria sensacional... O único senão é o preço (aprox. 43 mil
reais), um pouco salgado para um terceiro carro.
- Peugeot Partner
Outro
carro que é meio caro para ser o terceiro, mas altamente desejável.
Não pelo desempenho neste caso (apesar de não decepcionar), mas sim
pela utilidade. Um terceiro carro com essa capacidade de carregar
carga e/ou passageiros tem óbvia utilidade, principalmente para quem
pretende construir e tem filhos, cachorros e bicicletas no plural. É
a escolha da minha esposa, que desconfio querer o carro para ela.
Carrega
praticamente o mesmo que uma picape, sem molhar na chuva, e com
consumo, desempenho e estabilidade de carro. E pode levar gente ao
invés disso. Me espanta não serem mais populares.
- Fiat Bravo T-Jet
O
mais barato dos carros para substituir o Cruze, ao redor dos 65 mil,
é o Bravo. Confesso que não gosto muito do acabamento dos Fiat
dessa faixa de preço, e desconfio de sua qualidade. Já vi carros
novos com pára-choques pintados em tons obviamente diferentes da
carroceria e com briquebraques de painel quebrados. Podia ter
considerado este carro quando comprei o Cruze em 2012, mas nem olhei
para ele.
Mas
as coisas mudam, e como hoje eu quero é potência, o T-Jet tem que
fazer parte dela, e com grandes chances de vitória. Gastaria pouco
dinheiro trocando o Cruze nele, e o carro tem o mesmo tamanho
aproximado. É um hatchback, e pode ser achado na cor vermelha, ou
amarelo, ou azul. O motor de 1,4 litro turbo é potente e torcudo, e
o carro é equipadíssimo.
Tenho
um pouco de medo da depreciação (como em todos os carros “caros”
aqui), confesso, mas não o suficiente para desistir...
- VW Golf
Como
infelizmente o GTI passa do meu limite de preço, o Golf que posso
comprar é o Highline 1,4 turbo. Certamente não é barato a mais de 75 mil,
mas definitivamente tem uma qualidade de construção e uma solidez
bem superior à do Bravo. Seu acabamento é surpreendente, e
conhecendo a VW de hoje, deve ser um carro maravilhoso ao rodar. E
pode ser comprado com pedal de embreagem, algo raro hoje nessa
faixa.
Se
a imitação é o maior elogio, escutem essa: no Congresso SAE Brasil
este ano, os dois carros em estandes vizinhos, não pude deixar de
notar que o Mercedes-Benz classe A é extremamente semelhante ao
carro da VW. Design à parte, o tamanho, a qualidade de construção,
os materiais, a configuração, tudo parece extremamente similar.
Assustador constatar que a Mercedes parece copiar a VW. Parece que
nada é mais sagrado mesmo.
- Renault Fluence GT
O
Bob recentemente passou algum tempo com o sedanzão turbo do
fabricante francês e nos conta que gostou muito. Motor forte, câmbio
de seis marchas com pedal de embreagem, espaço interno
generoso, estabilidade e conforto irrepreensíveis. A depreciação é
monstruosa, carros com um ano vendidos a vinte mil a menos que o
zero, mas consigo fingir que não sei disso.
O
que realmente me incomoda na verdade é que é um sedã. Faz mais de
20 anos que não compro um sedã zero-km, e me acostumei com a
praticidade da porta traseira. Como seria um carro para fazer tudo,
como é o Cruze hoje, sua incapacidade de engolir cargas mais
volumosas é um problema.
- VW Jetta TSI
Eu
sempre gostei da versão TSI do Jetta, mas aqui ele entra com um
concorrente muito sério: o Fluence GT. Mais barato e com câmbio
manual de verdade, o Renault me parece hoje uma opção melhor,
apesar de menos sólida e de menor qualidade geral. Mas o problema
dos dois já disse qual é: falta da porta traseira.
Se
ao menos o Golf tivesse o motor mais potente do Jetta, e seu preço...
- BMW 116i
OK,
essa é de longe a idéia menos lógica aqui. O BMW é o mais caro, e,
aos 136 cv, menos potente que os quatro carros anteriores. Na verdade
é menos potente que o meu Cruze, apesar da sua curva incrivelmente
plana e mais alta de torque compensar um pouco as coisas.
Estamos
falando de um carro que, a 99 mil reais, é extremamente caro pelo
seu tamanho, potência e equipamento. E extremamente caro, ponto.
Mas
como números não dizem tudo, ainda assim está seriamente no páreo.
Depois de conviver um bom tempo com a minha BMW velhinha, fui
completamente fisgado. A posição de dirigir, o modo que a direção
funciona, o motor sempre torcudo, potente, suave, econômico... tudo
forma um conjunto coeso e incrivelmente gostoso de experimentar.
Não
é à toa que em todos os departamentos de engenharia mundo afora, os
BMW são referência absoluta. Pode ser chato e repetitivo falar
mais uma vez sobre esses carros, mas não posso evitar.
Experimentando
um desses 116i básicos em um test-drive, fiquei impressionado como é
parecido na posição de dirigir, e de como esta posição está em
relação ao carro, com minha perua série 3 de 20 anos atrás. Se
tem uma coisa que aprendemos com isso (e com carros como o 911 e o
Corvette, por exemplo), é que não se deve mexer no que está certo
desde o começo. E, como a minha E36, tem tração traseira e
praticamente metade do peso em cada eixo, mais duas fantásticas
tradições da marca.
O
preço é alto, sim, mas a depreciação é baixa. A regra de baixa
depreciação é antiga e vale para qualquer país ou situação, e é
quase um ditado popular na Inglaterra: sempre compre um Mercedes
barato, nunca um Ford caro. Não falha nunca.
O
único problema aqui é o câmbio automático, que apesar de muito
bom, moderno, cheio de marchas (oito! Barrabás!), bem calibrado,
telepático na troca de marchas, ainda é um automático. E o preço
alto, lógico. O carro também não é muito grande, mas é um
hatchback para compensar um pouco.
Mas
a felicidade de ter tudo de bom de um carro novo, com tudo de bom de
uma BMW, realmente me deixa salivando. Wolfgang Rietzle, o engenheiro
alemão de bigodinho ridículo que criou o série 3 E36 dizia que um
BMW de vinte anos de idade devia ainda trazer compradores para a
marca. Que objetivo sensacional, e que incrível ver que se tornou
realidade!
Estão
aí minhas opções para 2014, então. Este ano farei mais uma coisa
diferente: como ainda não me decidi e estou sem pressa para fazê-lo,
vou pedir ajuda para os amigos leitores. O que você faria no meu
lugar? Use os comentários abaixo para dar sua opinião! O editor agradece tanto o incentivo quanto o desalento. Dessa vez, não
consigo me decidir...
MAO
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